O procurador servo de Deus

No prédio do Ministério Público do Estado de Santa Catarina, localizado na capital catarinense, a importante mesa do Procurador de Justiça é ocupada pelo doutor Rui Arno Richter. É daquela mesa que o MPSC dialoga com a sociedade e faz levantamento das informações investigadas. Gaúcho de Porto Alegre, Rui tem 49 anos, quatro filhos e desde 1991 mora em Santa Catarina.

Rui é um homem com títulos acadêmicos e com um excelente currículo profissional, que no ano de 2000, redefiniu suas prioridades ao descer às aguas batismais para nascer um novo homem. Apesar de ter nascido em uma família religiosa, sua prioridade pela primeira vez era Deus. A partir de então, envolveu-se nas atividades da Igreja Adventista Central de Florianópolis, auxiliando diversos departamentos.

Entretanto, em dezembro de 2017 tomou uma importante decisão: sair da igreja Central de Florianópolis, uma grande igreja, para servir a Deus na pequena congregação do Morro do Horácio. Uma decisão marcante para esse cristão, conforme você compreenderá melhor na conversa abaixo.

Pioneiro: Primeiro conte-nos sobre a sua conversão. Foi um processo bem “advogado” em sua mente?

Rui: Meu irmão, que era um Adventista do Sétimo Dia, sempre me passava literatura cristã. Em 1999, pela primeira vez comecei a ler diariamente as meditações matinais. Logo li dois livros do pastor Alejandro Bullón que foram decisivos para eu me entregar a Jesus: “Um Milagre em Sua Vida” e “O Terceiro Milênio e as Profecias do Apocalipse”. Então, em agosto de 1999, passamos a frequentar todo sábado a Igreja Adventista Central de Florianópolis e em maio de 2000 fomos batizados.

Pioneiro: No Ministério Público do Estado, como seus colegas o veem sendo um cristão que, dentre outras atividades, guarda o sábado? As pessoas se surpreendem ao ver uma pessoa que coloca Deus em primeiro lugar em tudo?

Rui: Sinceramente, considero uma tarefa difícil eu mesmo dizer como sou visto, mas sempre tive a liberdade de escolha da crença na Bíblia. Um aspecto que me parece positivo é que hoje, quando uma outra pessoa observadora do sábado se candidata a uma vaga de estágio ou participa de concurso, alguém lembra que há um colega que também crê assim e isso ajuda a minimizar o preconceito.

A observância do sábado do sétimo dia como prescrita na Bíblia certamente ainda surpreende a quem não tenha vivido ou observado ainda que seguir a vontade de Deus sempre é melhor do que priorizar os próprios interesses.

Pioneiro: Logo que foi batizado o irmão começou a assumir alguns cargos na igreja? Quais foram eles? Valeu a pena?

Rui: Sim. Em 2001, ano seguinte ao batismo, tive a oportunidade de atuar no Ministério Pessoal, e nos anos seguintes na Mordomia Cristã, Ancionato, Liberdade Religiosa, Educação, Escola Sabatina e estive associado também na ASA (Ação Solidária Adventista).

Todas as oportunidades de participar ativamente na igreja, independentemente de estar formalmente nomeado em cargos, são fundamentais para permanecer na igreja e não se acomodar na vida cristã. Aprendi muito nessas oportunidades.

Pioneiro: Depois de quanto tempo decidiu ir para a congregação do Morro do Horácio? O que o motivou a ter esta iniciativa?

Rui: O nosso desejo de ir para a congregação do Morro do Horácio já vinha há pelo menos quatro anos, no entanto,  a transferência ocorreu apenas em dezembro de 2017. A decisão foi conjunta com minha esposa. Sentimos o chamado para congregar lá em vista das necessidades que percebíamos no local e do desafio de pregação do evangelho em uma área da cidade que muitos não acessam. Passamos a perceber com o tempo que nós somos os mais necessitados da mudança para nosso crescimento espiritual.

Pioneiro: Como tem sido a sua experiência e de sua família nesta nova fase de envolvimento com a Igreja?

Rui: Fomos muito bem recebidos pelos irmãos e para nós tem sido uma grande bênção. Tudo ainda é muito novo. Gradualmente temos tentado participar na Escola Sabatina, atividades de evangelismo e assistência à comunidade, e tudo isto tem sido muito, muito bom!

Pioneiro: Qual o seu recado para os membros que tendem a se acomodar em grandes congregações enquanto existem outras menores precisando de ajuda?

Rui: Cada pessoa tem sua responsabilidade perante Deus e é responsável por suas escolhas de como se relacionar com Ele ou com sua igreja. As igrejas de todos os tamanhos precisam de membros atuantes, com amor pelo próximo, sedentas de mais comunhão e desejosas de serem guiadas pelo Espírito Santo, como Jesus mostrou. Não nos sentimos superiores ou inferiores pela nossa tomada de decisão, mas podemos testemunhar da presença do Espírito de Deus em nossas vidas. Em uma congregação mais numerosa, a tentação de sentar passivamente para “assistir cultos” sem envolver-se ativamente e sem perspectiva missional, também parece ser maior. Temos uma bênção nos esperando em cumprir o chamado para pregar o evangelho a toda tribo, língua, povo e nação, e isso pode ser um bairro negligenciado na nossa própria cidade, esperando pelas nossas iniciativas.